Descubra Budapeste

Eclipsada pelas vizinhas Praga e Viena, a capital da Hungria é uma cidade deslumbrante e rica em história que justifica, em si mesma, uma viagem à Europa Central.

 “Se você for de Paris a Budapeste, pensará que está em Moscou, mas se for de Moscou a Budapeste, pensará que está em Paris”. A frase atribuída ao músico erudito húngaro György Ligeti ilustra bem a sensação ao caminhar pelas ruas da capital da Hungria. Ainda que a cidade guarde traços evidentes do recente período comunista, como os prédios escurecidos a espera de restauração, as avenidas largas, o imenso rio Danúbio que corta a cidade e a beleza de algumas construções garantem o toque parisiense à cidade. 

Antes três municípios separados, Buda, Obuda e Peste se uniram em 1873 para formar aquela que dividiria com Viena o título de capital do então recém-formado Império Austro-Húngaro: Budapeste. Muito atrás da rival austríaca em matéria de modernização e arquitetura, a nova cidade se aproveitou do influxo de capital para se erguer. Paris, a “Cidade-Luz”, foi a principal inspiração.
O boom na construção civil transformou Budapeste em um grande canteiro de obras até 1896, quando, em comemoração aos mil anos de formação da nação húngara, vários prédios foram erguidos. Uma grande exibição de artes receberia nobres de todo o continente, ansiosos para ver os progressos daquela cidade até então pouco relevante.
“É incrível a quantidade de pessoas que vieram a Budapeste, principalmente por que na época não era fácil viajar. A exibição foi um sucesso”, explica Kövari Enikö, guia turística local da Contiki, empresa que organiza tours para jovens pelo mundo.

Mais diferente do que igual

Ainda que bem no centro do continente europeu, a Hungria é definitivamente diferente de seus vizinhos. A maior parte do povo húngaro descende dos Magiares, grupo étnico asiático que se firmou na Europa Central nos primeiros séculos depois de Cristo e fundou, no século 9, o Reino da Hungria. A língua oficial, o húngaro, faz parte do restrito grupo de idiomas ugrianos, que tem similaridade apenas em dialetos de alguns vilarejos russos. Sob regime comunista de 1949 a 1989, o país, que no século 19 crescera em importância no cenário mundial com a formação do Império Austro-Húngaro, teve suas cidades deterioradas e a economia estagnada. Hoje, o país luta contra a evasão da população jovem para se reerguer em meio ao cenário de crise da União Europeia. E Budapeste é a síntese deste país singular.

A Hősök tere (Praça dos Heróis) é um bom lugar para começar um tour pela cidade. Um dos principais pontos de encontro para protestos e manifestações, a praça teve seu monumento central, uma série de estátuas enfileiradas que celebram o milênio da formação do país, coberto por bandeiras soviéticas em 1919. Os comunistas queriam eliminar todos os símbolos nacionais. Hoje já é possível vê-lo na íntegra.
A praça é cercada por dois grandes museus, o Műcsarnok (Palácio das Artes), e o Szépművészeti (Museu de Belas Artes). Enquanto o primeiro é dedicado principalmente à arte contemporânea, o segundo traça um panorama da história da arte mundial. A coleção de mais de 100 mil peças conta com trabalhos de Claude Monet, Édouard Manet e Pierre-August Renoir.
De frente para a praça está um dos lugares mais emblemáticos de Budapeste, o Városliget (Parque da Cidade). A floresta que no passado servia como recanto de caça para os reis húngaros é hoje abrigo de um parque repleto de atrações curiosas.
A começar pelo Castelo Vajdahunyad. Mais uma das construções em comemoração ao milênio do país, o castelo é um verdadeiro Frankenstein. Partes de diferentes marcos arquitetônicos do Reino da Hungria foram copiadas para formar um castelo que abrangesse toda a diversidade das construções medievais húngaras. O Castelo de Hunyad, hoje na Romênia, conhecido erroneamente como o castelo do Conde Drácula, é uma das principais inspirações. O resultado da mistura é, no mínimo, inusitado.
Há ainda um zoológico famoso pela alta taxa de fertilidade de seus hipopótamos (localizado ao lado de um carrossel com mais de cem anos de história e que não parece muito seguro), um museu dos transportes e um imenso lago artificial. No verão, casais e famílias remam por suas águas em pequenos barcos. No inverno, o lago dá lugar a um rinque de patinação no gelo de 12 mil metros quadrados. Aberto em 1870, é um dos mais antigos da Europa.

Transporte

 
Budapeste é orgulhosa detentora do segundo metrô mais antigo do mundo, de 1896
 
É fácil se locomover por Budapeste. Além de 31 linhas de bondes, que cobrem todos os bairros, a cidade é orgulhosa detentora do segundo metrô mais antigo do mundo. O sistema, inaugurado em 1896, perde apenas para Londres. Se na capital inglesa o metrô é hoje extremamente eficiente e, com suas dez linhas e 270 estações, alcança praticamente todos os cantos da cidade, o de Budapeste, no entanto, não evoluiu no mesmo ritmo. São apenas 40 estações espalhadas por três linhas.
Ainda que não seja o suficiente para te levar a cada esquina, o metrô é bastante útil. As estações são pequenas e a decoração de azulejos verdes e brancos e painéis de madeira dão ar “vintage”. Mas tome cuidado com as portas dos trens, elas fecham rapidamente e com muita força.

Moeda
 
A Hungria faz parte da União Europeia desde 2007, mas a moeda não é o euro e, sim, o forint. 115 forints equivalem a R$ 1. Não adianta tentar comprar nada com a moeda comum europeia, ela não é aceita em nenhum lugar. Para não cair em taxas pouco favoráveis das casas de câmbio, o melhor é levar um cartão de débito pré-pago. Ainda que tenha sido carregado em outra moeda, como o euro, por exemplo, é possível sacar em dinheiro local nos caixas eletrônicos.

Filmes para entrar no clima
 
 
Partida de pólo aquático entre Hungria e Rússia terminou em sangue nas Olimpíadas de 1956

- “A Fúria da Liberdade” (2006) é um documentário que conta a história de uma partida de Polo Aquático entre a Hungria e a Rússia nas Olimpíadas de 1956, pouco menos de um mês depois de a revolução húngara ser suprimida pelos soldados soviéticos. A violência durante o jogo foi tanta que o episódio ficou conhecido como “sangue na água”. Quando o filme foi lançado, o cineasta Quentin Tarantino disse que essa era a história mais interessante nunca antes contada.
- O filme “Praça Moscou” (2001) fala sobre um grupo de adolescentes que vive na cidade de Budapeste, em 1989, ano em que termina a Guerra Fria e o país é libertado. Mais interessados em se divertir do que em política, eles pouco prestam atenção na nova fase da história do país que começa a ser escrita em volta deles.
- Chico Buarque pode nunca ter ido à capital húngara para escrever o best-seller “Budapeste”, mas seria difícil filmar a adaptação para os cinemas, lançada em 2009, sem passar pela cidade. O longa narra a história de um escritor brasileiro que, de passagem por Budapeste, conhece uma húngara e se apaixona. Com ela, ele começa a aprender o idioma local.

* O repórter viajou a convite da agência de intercâmbios STB e da Contiki


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Fonte: IG

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